sábado, 7 de novembro de 2009

sempre que olho à minha esquerda quando estou no computador do quarto - que também foi meu um dia - vejo uma luz acesa, um pouco mais alta que a minha janela, do outro lado da rua. há, no mínimo, 10 anos que ela está assim. é o vizinho da frente - um dia ele me deu um livro com uma das dedicatórias mais impactantes que já recebi, dizia alguma coisa sobre genuinidade. e desde então uso essa palavra sempre que posso: genuíno, genuinidade.
mas essa luz, que me faz ver sua estante cheia de livros, permanece acesa apesar de. não sei se ele não dorme, se ele deixa a luz acesa só pra dizer que está acordado, mesmo que já esteja dormindo, se ele esqueceu acesa (e isso seria muita coincidência. todos os dias?). a impressão que dá é que ele está sempre por lá e por aqui de certa forma. até por que, quando falta luz na rua e a lâmpada não pode estar ligada, ela é substituída pela figura dele na sacada, com seu inseparável carlton vermelho. noutro dia eu vi só a brasa do cigarro dançando no ar.
eu costumava passar muitas das minhas madrugadas em sua companhia, compartilhando cinzeiros, literatura e segredos sabidos por todo mundo, tanto de um como de outro, mas que, os meus, ouvidos por ele, passavam a ter outro significado.
vou voltar lá dia desses pra fazer mais porque faz bem. basta atravessar a rua com meu chaveiro na mão e todas as novidades de todos esses 4 ou 5 anos.

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