Seri havia posto um ponto final com reticências.... Gravi, depois desse tempo de espera de três pontinhos, ou seja, um mês e meio, ainda não conseguia escrever sobre o quê lembrava com saudades ou carinho o que haviam passado juntas. Não conseguia porque os sentia como se tudo estivesse ainda ocorrendo. Mas isso é normal, era a insistência inconsciente de que podia ainda acontecer uma saudade louca e a certeza de que, mesmo podendo viver sem a outra, Seri podia 'querer' viver com ela. Gravi estava exausta de tentar mostrar como o que acontecera fazia parte da relação e de se justificar num grito louco e mudo. Seri estava surda, com um espelho na sua frente, onde só enxergava sua imagem e o passado desfocado em segundo plano. Parecia, para Gravi, que ficava embaçado com o bafo saído de sua boca de tanto Seri urrar à procura de si mesma. Gravi sempre esteve ali, sempre. Sempre presente de todos os ângulos. E o bafo que distorcia se tornou uma bolha que deixava Gravi tão longe no segundo plano que mal podia se ver sua silhueta e o espelho no rosto de Seri tampava a visão pra frente, à frente, adiante, pro futuro, avante que nem ela percebeu que Gravi poderia estar por lá, era só estender as mãos e segurar com força pra nenhuma das duas naufragarem.
Pára de gritar, você está ensudercendo. Aí você olha pro espelho e reconheça tudo nele. Volta até seu reflexo e tira o espelho da frente. Olha pra lá e veja.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
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