sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Gus II

Estava sentada na escada do CCBB fazendo hora com um sujeito que acabara de conhecer, daqueles do tipo professor, ator, diretor, designer, palestrante, com seus 50 poucos anos de colares indígenas, chinelo de dedo, bermuda e uma bolsa modernosa. O telefone tocou e quando ia atender, desligaram. Era o Nareba. Aquele dos seus 17 anos. Ele já estava lá, atrás dela, em pé, com roupa de gente grande e uma mochila que parecia da escola. De diferente só a calça e a blusa de botão. Era tudo exatamente igual há 9 anos, o mesmo rosto, a mesma voz e a sensação de ter ao lado uma pessoa querida que uns dias atrás estava tão distante dela. Foi o tempo de despedir do homem multi-funções e preencher os 20 minutos restantes antes da peça com um café e só tentar olhar pra ele. Mas a luz estava baixa, e tomaram cafezinho expresso em pé numa mesinha alta. Ela contou um podre dela e ele realmente achou podrão! Mas fazer o quê? Não se pode julgar por isso, gosto cada um tem o seu. O gosto dos outros, já vi duas vezes.
Ele subiu com ela para o teatro III e viraram as costas. Ele para a saída e ela para o teatro.
Sim, a peça foi boa. A peça era Laranja Azul.
Na saída, quando ela ligou o celular tinha uma mensagem que priorizava o 'mau gosto' dela e a alegria de tê-la reencontrado. Marcaram uma peça.
Vamos ver. Vamos ver se eles vão ver.

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