quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
E se você descobrir que saltar do ônibus às pressas pode significar subir alguns degraus em você?
E assim lembro que arriscar é sinônimo de petiscar.
Tudo começa com um cardápio. Você o abre e procura um prato deliciosamente degustável. O nome não especifica o que seja, porém só pelo título, percebe-se que tem algum tempero especial.
Mas rotineiramente, pede-se o menu já conhecido pra não se dar o trabalho de perguntar ao garçon o que deve pedir.
Isso leva algum tempo. Muito tempo. Tanto tempo que o condicionamento de optar sempre pela mesma refeição incomoda quem está à sua volta. Sim, há amigos que tentam oferecer, não com muita frequência, um ou outro prato diferente, e a escolha é indiscutivelmente aquele código correspondente ao PF. No entanto, amigos são amigos e pensam sempre te conhecer intimamente quando na verdade não enxergam seu reflexo no prato. É porque o prato já não reflete mais, a comida esta intacta.
O prato ainda cheio, depois de quase duas horas sentado à mesa é constrangedor pro garçon. Ele sim, se preocupa com seu cliente e quer vê-lo satisfeito com seu serviço. Faz de tudo pra agradar, mostra o cardápio novamente, não cobra o valor total nem 10%, dá a sobremesa de cortesia, aconselha um prato...
Nesse exato momento, lá pela 00:00h, quando o expediente está quase encerrado ele aconselha aquele prato. Aquele prato com nome indecifrável, nada minucioso e com tempero especial. Internamente eufórico, sem qualquer alarde, faz-se o pedido 1305.
O tempo não passa, angustiante, o aroma chega até o salão e inebria quem está à sua espera.
A surpresa de ver a combinação perfeita é tanta que os talheres não cabem nas mãos, o guardanapo permanece ao lado do copo pela metade com água em temperatura ambiente.
Ao se deparar com aquela obra de arte esteve certo que ser comida era pouco, insuficiente. Ela deveria ser almejada, apreciada, degustada e devorada.
O enorme prazer proporcionado por aquele alimento, se refastelar, de ingerir, devorar, deglutir impressionava o serviçal que admirava boquiaberto aquele quadro. O constrangimento vinha agora do cliente bem servido que, quanto mais se alimentava, mais vontade tinha de sorver especiarias e nutrientes provindos daquele manjar e que quanto mais pressionava as mandíbulas de leve pra não destruir a obra de arte, mais ela crescia no prato de louça a sua frente.
O movimento da mesa até à boca acelerou as horas e todos estavam somente à espera do sujeito da mesa 05. Deveria ser rápido e pensar numa solução: embrulhar pra viagem. O pedido foi executado com sucesso, mas o homem, desprovido dos sentidos, desde o jantar, esqueceu sua marmita e pegou o primeiro ônibus que passava. Ele ainda estava com o pensamento no restaurante.
Destraído, ainda saboreando o que seu paladar acabara de provar, se deu conta de que nada tinha nas mãos. Salta do ônibus, ainda em movimento e corre exaustivamente ao encontro de seu embrulho.
O guardião previa sua volta e entrega-lhe o pacote.
Ele retorna à sua casa, sem ansiedade, sem a necessidade de querer, sem saber, o que decidir.
Sua aparência esquálida e sua visão turva despedem-se de seu corpo, dando lugar à vitalidade de um sorriso e à cumplicidade de um olhar. Genuínos.
E, mesmo que vez em quando, tenha dias como os costumeiros, de repetir pratos por preguiça, ele se pega petiscando os mais valiosos sabores da vida. Ele se rendeu, se pôs em risco pela vontade alheia. Sempre que acorda agradece ao funcionário, a descoberta apresentada.
Assim, ele descobriu que saltar do ônibus às pressas, o fez subir alguns degraus na vida.
***achei perdido no meu computador.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Formosa
Composição: Baden Powell / Vinicius de Moraes
Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não Tem uma coisa de menos
No seu coração
Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos
No seu coração
A gente nasce, a gente cresce
A gente quer amar Mulher que nega
Nega o que não é para negar
A gente pega, a gente entrega
A gente quer morrer
Ninguém tem nada de bom sem sofrer
Formosa mulher!
Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não Tem uma coisa de menos
No seu coração
Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos
No seu coração
A gente nasce, a gente cresce
A gente quer amar Mulher que nega
Nega o que não é para negar
A gente pega, a gente entrega
A gente quer morrer
Ninguém tem nada de bom sem sofrer
Formosa mulher!
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Desde que o Samba é Samba
QUEM CANTA SEUS MALES ESPANTA
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavoraTudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou
O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou
O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor
O grande poder transformador
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavoraTudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou
O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou
O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor
O grande poder transformador
Merci
diga obrigada. agradeça. faça um sinal com a cabeça. acene com a mão direita. faça papo-firme, assim com o dedão levantado. pisque o olho. faça jus ao que se teve e pronto, pode ir feliz, sem dever nada. mais que saber que doou, reconheça o que aprendeu e não guarde só pra si. não se deixe pensar inadimplente ou desrespeitoso. não perca o tempo de dizer o quanto valeu. não ache que está tarde demais para isso, nem ache que só pensar e saber é suficiente para o outro acreditar. e assim foi criada a luz e sem perceber todos ficaram cegos porque a lua deixou de existir e ninguém mais olhava para a mesma direção, o pobre do cãozinho não tinha pra quem uivar. ninguém disse nada e até hoje procuramos onde pousar os olhos e acabamos como mariposas atraídos para a lâmpada. e ninguém disse nada. e a lua atrás de uma resposta para sua recusa.
cada um com sua lua enquanto a verdadeira, lá fora, muda constantemente de nova, crescente, minguante e cheia para que a percebam. só quando ela explode de tão cheia com são jorge matando o dragão é que ela surge esplêndida no céu.
foi a gente, que deixou de ver além e acha que o ilimitado céu pode ser trocado com uma lâmpada queimada.
"tenho uma dor travada na minha fronte"
Valsa nº ¨6, Nelson Rodrigues
já não me permito tanto tempo pra chorar por uma dor que não deveria existir com tanta intensidade. sei que as palavras se traem, mais que os sentimentos. que elas desdizem o que se sente e os fatos consumados.
porque a previsibilidade é a palavra de ordem, e essa não se trai quando vem de mim. aliás, só sei do que vem de mim, pois sou eu que sinto e não me traio, por isso não sou previsível.
mas é vida que segue, ainda torta, mas seu caminho se faz necessário.
é a infinidade com ponto final bem cravado com caneta de ponta fina no meio do peito.
Valsa nº ¨6, Nelson Rodrigues
já não me permito tanto tempo pra chorar por uma dor que não deveria existir com tanta intensidade. sei que as palavras se traem, mais que os sentimentos. que elas desdizem o que se sente e os fatos consumados.
porque a previsibilidade é a palavra de ordem, e essa não se trai quando vem de mim. aliás, só sei do que vem de mim, pois sou eu que sinto e não me traio, por isso não sou previsível.
mas é vida que segue, ainda torta, mas seu caminho se faz necessário.
é a infinidade com ponto final bem cravado com caneta de ponta fina no meio do peito.
verbete
*mangedoura: expressão usada para definir indignação, temor, apavoramento. coletivo de jesus, maria, josé e/ou jesusmariajose. interjeição. definição sobre algo escabroso ou inesperado. também pode ser definido como o lugar de reunião de tres reis magos, as ovelhas, vaquinhas, maria, jose, e o menino jesus, a estrela cadente, etc... vulgo presépio.
neologista: Jon A. A.
definição: Andy C.A.S.
neologista: Jon A. A.
definição: Andy C.A.S.
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